Ana CArolina Reis, turma 91
Os nós da vida
João nunca imaginou que teria que enfrentar em sua vida outra situação que o deixasse tão nervoso. Sentou-se aos pés da cama e em sua cabeça começou a passar uma novela da sua vida, na qual eram retratadas as situações mais embaraçosas que enfrentara:
Primeiro dia na escola: medo, timidez, dor de barriga, camisa ao avesso, lancheira esquecida.
Primeiro beijo: mãos suadas, pernas trêmulas e, após alguns minutos pensando como e o que fazer, finalmente, nossos aparelhos se bateram.
Primeira entrevista de emprego: completamente gago, gravata apertada, e com muita vergonha, tentava esconder debaixo da mesa a calça pescando, que insistia em mostrar uma meia marrom e outra preta.
Após longos minutos voltou à realidade quando o celular tocou, era sua mãe querendo saber o que estava acontecendo, a noiva já estava em frente à igreja e ele, o noivo, ainda não estava lá.
João, nesse instante, pensou: é a minha “quarta primeira vez”, e ao que me lembro, mesmo muito atrapalhado nas vezes anteriores, isso não foi um empecilho para que aqueles momentos fossem mágicos, felizes e inesquecíveis.
Pensando dessa forma, colocou o paletó, pegou a gravata, entrou no carro e correu para a igreja. No caminho, viu que o dia de seu casamento era exatamente como o primeiro dia na escola, então lembrou que quem consertou tudo naquele dia desastroso aos 5 anos estava ali, e que aos trinta também poderia ser sua única salvação. Entrou pelos fundos da igreja e discretamente chamou sua mãe que, carinhosamente, foi até a sacristia e, como se ele ainda fosse um menino, consertou tudo - deu o nó da gravata; desvirou o paletó que estava ao avesso; de sua bolsa tirou um par de meias, que combinava com o terno; segurou em suas mãos suadas e, olhando em seus olhos, pediu que se acalmasse, pois ela estava ali e tudo daria certo.
O casamento começou. João estava muito feliz e mais calmo, até que o padre pediu as alianças. João gelou, sua noiva o fuzilava com o olhar quando, discretamente, sua mãe se aproximou e colocou as alianças em suas mãos e disse: filho, lembrei do menino sem lancheira.
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